domingo, 13 de maio de 2012









Mãe! eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
orque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a avelha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la

Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e ten encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"

Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tade agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graçs, diz:"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me tranfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!
...
Giuseppe Guiaroni

terça-feira, 8 de maio de 2012

Das Utopias(clique para ouvir)






Se as coisas são inatingíveis… ora!
Não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

( Mario Quintana )


Mário Quintana(clique para ouvir)





Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente … e não a gente a ele!


Os Poemas(clique para ouvir)




Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

( Mario Quintana )

domingo, 6 de maio de 2012


O tempo que fugimos pra chegar até aqui.(clique para ouvir)



Durante um tempo você deixa as coisas escaparem por suas mãos... Fica de birra com as escolhas que a vida faz pra você. Mas chega o momento que o destino fala mais alto e te impõe uma chance de ser feliz.
Vai te tirando o chão sem que a sua razão perceba...
Muda o foco do seu pensamento enquanto você dorme...
Faz uma conspiração barata e joga um dado contra o outro, como se assim fosse o jeito certo de definir a sua sorte.
Pois assim parece: Sem querer, os perdidos se encostam e querem se ver mais.
Sem entender, os opostos entram na roda e se dão o direito de não querer descer desse brinquedo gigante.
Eu sei que um dia todos os sonhos acabam,
Que o conto de fadas chega ao fim.
E com esse sei que não vai ser diferente;
Ao abrir os olhos reconhecerei o chão que piso como se há muito estivesse ali.
Sei que quando acordar estarei diferente...
Nos meus olhos, no meu riso estará escrito uma causa, um nome.
E os sonhos acabam pra que outros maiores tenham a chance de também dar certo e pular pro plano da realidade...
E os contos de fadas terminam sempre com um "E foram felizes para sempre".
E hoje eu vejo que amar uma pessoa é um monte de coisa, menos uma loucura.
É desejar ver a felicidade do outro sem querer cobrar que façam o mesmo por você...
É não saber quanto tempo mais vai conseguir segurar pra dizer de vez o que sente, sem ter que querer sentir e apenas descobrir que está sentindo.
É não ter porque se importar com o que "somos", e desejar muito mais saber quando "estaremos" juntos mais uma vez.

O tempo, o momento e o mundo.(clique para ouvir)



Pensei por um momento, há muito tempo, qual era o espaço do mundo no tamanho, que eu não sei qual é, do tempo.
Vi que nem isso dura mais do que alguns poucos segundos.
Ta tudo tão corrido, sumindo tanto que não consigo me achar nem no espelho.
Emprestei demais ao mundo e pra vida acabei me tornando só mais um filme que não foi devolvido à locadora.
Com o tempo, conseguir se tornar alguma coisa já é um sintoma óbvio de uma busca entediante. As pessoas que buscam falam em "estradas", "caminhos"... Mal chegaram à esquina do seu próprio mundo e já acham que estão sendo tsunamis no mundo alheio. São no máximo um tiramissú de boteco.
São milhões de nada.
Canos furados por onde passam ideias ruins, irrelevantes. E aonde a goteira pinga? Na cabeça dos preocupados.
São a parte do "todo" que eu pedi demissão, divórcio: Litígio.
Hoje eu ando pelas mesmas ruas que eles mas olho pra cima, olho nos olhos, desvio dos ombros que não vão me servir de nada. Vejo os blocos sem fanfarra, escuto o silêncio do desespero e do pedido de ajuda que nem mesmo quem precisa consegue pedir.
Penso.
E hoje pensar dura uma eternidade sem me tomar espaço, que tinha sido roubado, estuprado e jogado fora.
Existe uma única vida e ela pertence a você, que por sua vez pertence ao mundo que esta aí pra entrar no bolso da sua história.
E o tamanho do tempo?
Esse é exercício que mantém sua mente sã: Imaginar e fazer planos no imensurável.
(Thiago de los Reys Peixoto)